Nova Délhi - Pelo menos 320 crianças morreram no norte da Índia vítimas de um surto de encefalite, que provocou ainda a internação de 1.800 outras, a maioria pobres, informou nesta quarta-feira fontes médicas que deram atendimento aos pacientes.
"Este é o pior ano. Acreditamos que se trata de um vírus similar ao da pólio e que está presente em águas e alimentos contaminados", afirmou o médico K.P. Kushwaha, chefe de pediatria do principal hospital do distrito afectado, Gorakhpur.
No passado, o distrito de Gorakhpur sofreu surtos da variedade de encefalite conhecida como "japonesa", que se transmite por picadas de mosquitos. Já neste caso, o contágio do novo vírus ocorre de pessoa para pessoa só deve diminuir com a chegada do inverno.
"A cada dia estão a morrer aqui dois, três, quatro, cinco crianças. O pior é que há muitos hospitais privados em áreas afastadas que não reportam os seus casos, portanto, o número de vítimas deve ser maior", disse Kushwaha.
As crianças doentes sofrem febre alta, dores de cabeça, vômitos e fraqueza e, nos casos mais graves, perdem a consciência e têm convulsões. Segundo o médico, a única coisa que se pode fazer pelos pacientes é um tratamento para aliviar os sintomas.
A maioria das crianças internadas no Colégio Médico BRD são provenientes de regiões precárias, com pouca higiene, falta de água corrente e o hábito de se fazer necessidades nas ruas, uma prática de risco para a transmissão de doenças.
Diversos meios de comunicação da Índia acusaram as autoridades de negligência administrativa nos últimos dias, pois as vacinas contra a doença já estavam disponíveis em Agosto, quando a infecção estava activa, coincidiu com a estação das chuvas, de Junho a Setembro.
Em Gorakhpur, houve apenas duas grandes campanhas de vacinação nos últimos anos em 2006 e 2010.
A encefalite também afecta a região indiana de Assam (noroeste), onde até esta semana tinham morrido 114 crianças, com um total de 2.090 casos, de acordo com a emissora de televisão indiana "NDTV".