Capiberibe foi empossado nesta terça-feira no Senado pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), em uma rápida cerimônia Agência Senado
BRASÍLIA - Impedido de assumir o mandato pela Lei da Ficha Limpa e adversário político do grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), João Capiberibe (PSB-AP) foi empossado agora à tarde diante de um plenário abarrotado de militantes e lideranças do PSB. Sarney fez questão de presidir a sessão e desejar êxito ao adversário político. No discurso de posse, o novo senador lembrou as diferenças com Sarney, mas propôs que os dois deixassem o passado de lado e fizessem uma parceria em defesa de melhorias para o Amapá.Além de ter a candidatura impugnada pela Lei da Ficha Limpa 48 horas antes da eleição de 2010, Capiberibe teve o mandato cassado em 2004 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela acusação de compra de dois votos por R$ 28, pagos em duas parcelas. Nesta terça, Capiberibe lembrou o episódio.
- Naquele dia o odor de conspiração dominava o plenário - disse Capiberibe, que à época acusou o grupo de Sarney de articular sua cassação para que assumisse como senador o peemedebista Gilvam Borges, o mesmo que vinha ocupando sua vaga até semana passada.
Antes de entrar no plenário, Capiberibe, cercado por aliados, disse que no discurso iria dar "uma alfinetada de leve" em Sarney. Realmente, de leve, ele lembrou as divergências, mas acenou com bandeira branca.
- Não vou mentir. É notório que existem diferenças com o presidente Sarney. Mas isso não será obstáculo para atender as demandas do povo que me elegeu - discursou Capiberibe, propondo parceria em um projeto a ser encaminhado à presidente Dilma Rousseff, para enfrentar graves problemas de infraestrutura do Amapá, governado pelo seu filho Camilo Capiberibe.
Ao invés de atacar diretamente Sarney, Capiberibe desviou sua metralhadora para o TSE.
- A única prova que tem nos autos é o depoimento de duas mulheres que me acusaram de comprar seus votos por R$28 pagos em duas parcelas. Uma história rocambolesca. A deputada Janete (Capiberibe, do PSB do Amapá) também foi cassada só por ter Capiberibe no nome - acusou o senador, completando:
- O TSE resolveu jogar para a plateia no julgamento da ficha limpa e me impôs a terceira cassação.
Com sorrisos amarelos, tentando aparentar tranquilidade, Sarney não criou nenhuma dificuldade para a festa de posse de seu desafeto. Não impediu nem mesmo que o plenário fosse invadido por quase meia centena de convidados de Capiberibe e do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Quando a claque gritava muito, ele limitava-se a apertar a campainha para pedir silêncio.
Fazendo as honras da Casa, chamou para a Mesa o governador Camilo Capiberibe, e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, ambos filiados ao PSB.
- A Mesa congratula-se e deseja êxito para o seu mandato - limitou-se a discursar Sarney.
O presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, prometeu prestigiar a posse, mas não apareceu.
- Ele disse que vinha e ia trazer uma garrafa de vinho, uma de cachaça e uma de cerveja, mas não apareceu - lamentou Capiberibe.
O próximo da fila a tomar posse do mandato suspenso pela Lei da Ficha Limpa é Jader Barbalho (PMDB-PA). Mas seu processo está empacado no Supremo Tribunal Federal (STF).